Quadro: Mulher árabe



A submissão d'A Mulher e a
sub-missão de uma mulher:
Sheherazade

Verônica Cavalcante Bernardi

A lei masculina, a religião masculina, a política masculina impõem a submissão da mulher. Para o discurso masculino, a mulher é mais uma instituição que precisa ser organizada por leis e normas de conduta. No entanto, desde sempre, o homem sabe que uma mulher sempre trai as leis de propriedade, as regras de domínio. O assujeitamento da mulher imposto pelo discurso masculino demonstra o terror de que um poder diferente possa gerar o descontrole. Como a mulher pode atuar num mundo masculino de forma não masculina? Como a mulher, que não tem um conjunto de regras produzido por ela para nortear seu funcionamento no mundo, pode impor-se ao conjunto de normas masculinas que define o que é ser mulher?

O homem espera um confrontamento, pois esta é sua lógica, espera que a mulher depare-se com ele requisitando o poder. No ocidente, de alguma forma, a mulher caiu nesta tentação — de ser homem — já que esta era a única forma conhecida e possível de "ser". O modelo de atuação masculino baseado num amálgama milenar, responde a uma imagem naturalizada do que é ser, de tal forma que as mulheres (e os homens também) sempre pensaram que cabia a elas progredir, caminhar para alcançar o status de ser, reconhecido como o único possível, o de ser um indivíduo do sexo masculino. (MAUGUE, 1991)

(...) é ainda a humildade que surge, o sentimento tenaz e doloroso de uma ilegitimidade original: tem-se realmente o direito de ser, se não se é homem? (MOUGUE, p. 598)

Nesse sentido, o feminismo foi uma ação masculina, pois compartilhava da premissa de que o poder masculino era o verdadeiro e que a mulher precisava apossar-se disto que supunham que o homem tinha. Trata-se de uma monosssexualidade do discurso, que ao contrário de marcar a presença da mulher, a abolia através da primazia da masculinidade compartilhada e alimentada por homens e mulheres.

A lógica da feminilidade, ao contrário do que se espera, não visa uma complementação ou um confrontamento com o masculino, mas visa suprir, suplementar a masculinidade. Uma mulher não se opõe a um homem, nem o complementa para formar um todo, anulando a diferença. A feminilidade não se propõe a destruir o mundo masculino, pois a mulher também o habita. O poder de uma mulher é fluido, entra pelas fissuras, ali onde o discurso achava que não havia nenhum espaço é por ali que sua fala vai passar. O poder de uma mulher é como a água das fontes que jorram dentro das edificações árabes, vem pelo subterrâneo, ela é a umidade.

As mulheres não são representadas no discurso Histórico1 islâmico, mas penetram a história a partir de recursos considerados, a princípio, como inferiores, como o discurso popular. As Mil e Uma Noites são a expressão da tradição oral, portanto um discurso do povo, que embora expresse a lei e a tradição islâmica, não o faz desapaixonadamente, com a frieza dos dados históricos, mas com o calor úmido do prazer e da dor dos corpos daqueles que vivem nesta cultura.

Nas estórias das Mil e Uma Noites se confirma o compromisso da tradição oral popular com a História e com a sociedade quanto ao consumo, mas também quanto a construção do discurso. A tradição oral expressa os problemas sociais vividos por aquela cultura naquele momento, portanto, a personagem Scheherazade pode ser compreendida como uma apresentação do poder da mulher, regido pela lógica da feminilidade, dentro de uma cultura de domínio masculino.

Dessa forma, é possível demonstrar, através da personagem Scheherazade, imortalizada pelos contos árabes, a expressão da feminilidade, tão obscura no mundo ocidental, pois não raro se confunde libertação da mulher com igualdade ao masculino. Através dos contos narrados pelo povo do oriente, a mulher adentra o inviolável mundo masculino com com sua feminilidade. A tradição oral popular zelando pelos costumes, mostrando o dia-a-dia e a fantasia popular sobre estas criaturas desconhecidas sob seus véus, mantém viva a feminilidade num discurso dominante de subordinação e segregação.

Para que este propósito seja alcançado, este texto se dividirá em duas partes: a primeira se destinará a justificar o uso dos contos d'As Mil e Uma Noites como fonte de pesquisa para compreender a atuação das mulheres neste mundo onde não há registros de sua História; em seguida, será feita uma analise do prólogo, comentando esta narrativa que une os demais contos sob o título As Mil e Uma Noites para demonstrar o poder da mulher, discutindo a função da personagem Scheherazade na narrativa e na constituição do imaginário social. Em seguida será apresentada a conclusão destas pesquisas.

Cabe ainda, fazer uma consideração sobre os termos mulher, homem, feminino, masculino e feminilidade. Quando houver referência ao termo mulher, estaremos pensando a condição da mulher como gênero sexual e como indivíduo na cultura islâmica, o mesmo vale para o homem. No entanto, quando for considerado os termos feminino e masculino, não estaremos nos referindo ao gênero, mas ao discurso assim considerado, uma vez que o homem pode ter um discurso feminino e a mulher um discurso masculino. O termo feminilidade diz respeito a singularidade, a expressão da fala de um sujeito singular, trata-se de uma experiência inusitada, ímpar, sem expressão anterior, como a experiência de Sheherazade nos contos. O discurso feminino e masculino (ou o que se atribui a eles, como a traição e a coragem, por exemplo) já estão culturalmente definidos e só são abalados por experiências limites, que estaremos chamando de feminilidade, relacionada aqui a atitude de uma mulher.

O discurso feminino, de algum modo, é também ele mesmo masculino, pois faz parte do discurso dominante que dita as normas e as regras de uma cultura para o que é ser feminino do ponto de vista masculino. Por isso é que há uma monossexualidade do discurso, só o discurso masculino tem lugar. Por isso, é necessário fazermos uma distinção entre feminino e feminilidade, pois esta seria a expressão máxima do que se diferencia do discurso masculino, seja ela expressa na fala ou ação de uma mulher ou de um homem. A feminilidade também não pode ser confundida com o feminismo, pois ela não está se opondo ao domínio do masculino, na verdade a feminilidade não tem como referência o masculino, como tem o feminismo, por isso pode-se dizer que a feminilidade é uma experiência que desnorteia o discurso dominante estabelecido.


Sem História, com Mil e Uma histórias para contar

(...) é indispensável que a História do mundo muçulmano ocupe na cultura do homem moderno um lugar considerável: é indispensável (...) que não encare também esta História através de uma miragem das Mil e Uma Noites, como episódio exótico, extraordinário, já passado, objeto de vaga nostalgia, e sim como um pedaço de História humana (...) (PERROY, p. 132)


A preocupação do historiador é a busca da Verdade. Perroy tenta convencer seu leitor ocidental da necessidade de conhecer a História de um povo que, sem dúvida alguma, teve parte em nossa História, marcando uma bipartição Histórica, que ele mesmo visa diluir. A partir daí, por reconhecer a influencia d' As Mil e Uma Noites no imaginário do indivíduo ocidental, Perroy alerta o leitor desavisado para não encarar a História do povo árabe através de uma miragem, fabricada por histórias não verdadeiras.

Except for rare exceptions, only in the last twenty years Western criticism has changed its attitude of considering the Nights as an exotic collection with no particular literary or psychological value. Arabic commentators have often tolerated them as childish litetrature, not quite recommendable, or have perceived them as dangerously alien to the rigid categorizations fostered by medieval Islamic clerks. In actual fact, these clerks had marked the tales as al-asmar wa l-Khuriyat, the 'delirious words of the night'. (DUSBOC, 2000, p. 2)


Será que os contos d' As Mil e Uma Noites não podem ser considerados como representantes de uma parte da História humana?

Os registros Históricos podem faltar na representação de um povo, mas a cultura que se reafirma de geração em geração através da tradição, das narrativas, das histórias do dia-a-dia, jamais faltarão, porque são elas mesmas a própria cultura, o próprio povo. Assim, a arte de forma geral e a literatura, particularmente, expressam as relações humanas que produzem o imaginário de uma sociedade.

Se n' As Noites as narrativas não correspondem aos fatos, a verossimilhança garante a expressão literária como fala de um autor para seu contemporâneo, portanto esta história não pode estar alheia a seu público ocorrendo "a centralização do motivo do discurso, não no próprio discernimento do orador, mas de quem o escuta".(SANTIAGO, 2000, p 43) Os contos expressam uma determinada história, para um determinado ouvinte. Para que a narrativa possa ser compreensível e atraente para ele, o ouvinte tem que estar familiarizado com a história. Dessa maneira, é possível concluir que As Noites falam de enredos do povo, vividos por ele e, mesmo quando recorre ao magnífico, a história se passa dentro de um contexto reconhecido pelo ouvinte.

As Mil e Uma Noites são contos orais de origens diversas, herdeiras de tradições advindas de três linhas Históricas: persa, hindu e egípcia. A fixação dos contos como um manuscrito é atribuida ao século XVIII, período marcante para o povo árabe, pois desde o século XI o mundo islâmico vem sendo ameaçado por invasões externas, possíveis devido a própria desintegração interna.

No breve espaço de meio século, o mundo árabe-muçulmano entrou em declínio irreversível; havia já muito que as forças que levaram o império árabe a seu domínio estavam em vias de desintegração: as tentativas de renovação eram apenas locais; marcadas por seu espírito partidário, não conseguiram abranger o mundo muçulmano em seu conjunto. Ao esfacelamento político juntam-se as desordens sociais, o declínio econômico. (...)

É sintomático que, quase simultaneamente, este mundo tenha sido alvo de ataques convergentes: dos turcos no Oriente, dos berberes na África do Norte e na Espanha, dos cristãos na Síria, Sicília e Espanha. Apenas o império fatimida no Egito, longe de todos esses perigos, ainda constituia um baluarte do mundo árabe: o que era só uma fachada, pois ele próprio estava sendo atingido por desintegrações na Síria (...).(MANTRAM, 1973, p.167)

As narrativas d' As Noites têm portanto uma função primordial de assegurar a identidade cultural, consolidando os valores básicos que sustentam a ordem social deste povo. Dessa forma, As Mil e Uma Noites, mais do que um livro, escrito por um único autor, destinado a um leitor "desavisado", é um manuscrito de uma longa tradição oral, de narrativas de origens diversas no espaço e no tempo, cujo autor pode-se dizer é o próprio povo árabe.

Portanto, mesmo sendo desconsiderado como um documento Histórico, pois As Noites trazem histórias fantásticas onde comparece o maravilhoso, o cômico, a tragédia e a mulher, não se pode negar sua origem no âmago da cultura, no popular, nas pessoas que são conformadas pela cultura, ao mesmo tempo que também a conformam, que tem o interesse e a possibilidade de mantê-la, mesmo que modificações internas ou externas incidam sobre ela.

Assim, nenhum documento Histórico, nenhum código de leis, nenhum livro religioso é mais ou menos importante do que este manuscrito, para que se realize uma pesquisa que diga respeito ao povo árabe. Cada um destes recursos oferecerá um tipo de material, mas se o interesse é considerar as relações entre os homens e mulheres, a melhor fonte é aquela que exprime suas palavras, suas fantasias, pois conhecendo o imaginário do povo, certamente poderemos compreender as relações sociais, políticas e religiosas que estão em jogo.

A literatura tem essa característica importante: ser democrática. No âmbito das histórias literárias qualquer assunto pode ser abordado. Não é necessário que seja uma data importante, ou um evento religioso, uma Guerra Santa ou um decreto do sultão para que seja abordado e chegue as páginas de um livro. A literatura pode falar tudo o que quiser: do café-da-manhã de um escravo, de um ladrão de frutas, de uma rainha traidora e até mesmo, de magias e façanhas impossíveis, pois a literatura está comprometida com a democracia e não com a Verdade, que os historiadores, "desavisados", julgam ver nos documentos. Este dizer democrático que não poderia ocorrer num discurso institucionalizado, comprometido com uma só "Verdade", encontra lugar na literatura, onde diferentes ângulos de abordagem de um mesmo tema são reconhecidos, diferindo do dizer religioso e Histórico.

Assim a pesquisa Histórica e a literatura, cada qual a seu jeito, pode fornecer um material para a consideração da cultura. Contudo, a literatura como um discurso que, por sua própria natureza, pode dizer "qualquer coisa", pode revelar algo que ficou oculto, ou foi desprezado pelos discursos autorizados. Assim, é que As Noites podem revelar o que não está dito nos discursos convencionais, podendo ser considerada mesmo como uma expressão de feminilidade, pois as histórias d' As Noites não se contrapõem ou confrontam o discurso legalizado política ou religiosamente, elas se criam nas margens, em espaços pouco reconhecidos e se afirmam por essa diferença. Contudo, demonstram uma grande capacidade de manter-se ao longo dos tempos como o discurso que identifica o povo árabe para o mundo ocidental. Os contos têm se perpetuado, mesmo se considerados "apenas" como histórias contadas (mais uma vez por mulheres) para crianças.

É importante ressaltarmos a importância máxima dos contos para as mulheres árabes, segregadas, sem direito a fala, a nenhum registro de qualquer espécie, que encontram acolhida na tradição oral. Estando ausente da História, não há registros para que se possa reconhecer particularidades sobre as mulheres. O que há são os registros das leis políticas e religiosas masculinas que as submetem; das regras que as segregam e as mantém alheias dos discursos legalizados. Não há dados que confirmem um indício, uma biografia, um legado deixado por uma mulher.

As mulheres são um tema sobre o qual a história medieval não costuma se deter.(ALI,1998, p 14)

As Mil e Uma Noites, se oferecem como um rico material sobre a mulher na cultura islâmica relativa ao período medieval. Também é importante se considerar o desconhecimento quanto a autoria desses contos onde quase sempre a mulher — mesmo que obedecendo as premissas do que é possível para uma mulher árabe muçulmana — é a personagem principal, que consegue realizar façanhas acima de seu sexo2. Há sempre uma personagem-mulher inteligente, bela, capaz de solucionar problemas que os homens não conseguiram. O fato das mulheres terem tal preponderância n' As Noites é bastante intrigante para os historiadores árabes.

According to Malek Cheleb, the authors of the Nights were indeed the women segregated in the harem, who suceeded in reinventing a world in which they played a primary role. In this respect, the Nights are an extraordinary initiation into women's plural mysteries where imaginal eros managed to preserve its deep value in unpropitius times, triumphing thus 'over all mechanisms of segregation, abdution and legal subordination'. ( DUSBOC, 2000, p. 2)


Esta hipótese não poderá ser testada ou validada, não sendo mesmo tão importante para se considerar a função da personagem Sheherazade, já que mesmo um homem pode expressar a feminilidade, entendida como diferença em relação ao discurso masculino-feminino legalizado. Contudo, ela não soa tão absurda, pelo menos não para o historiador árabe contemporâneo, uma vez que são histórias onde as mulheres, seres absolutamente desconsiderados, têm papel preponderante e onde se ensina aos homens que as mulheres têm valor, mesmo que eles não percebam. E, além disso, os contos demonstram que aquela cultura pretensamente masculina, precisa das mulheres, seja para perpetuá-la por sua função materna ou por sua função de oradora, contadora de histórias. Não é outra a função de Sheherazade, senão salvar seu reino do sultão sanguinário, lhe dando filhos e histórias. Não parece ser por puro acaso, portanto, que coube a uma personagem-mulher consolidar os contos através da invenção de uma narrativa que engendre todas as outras.

A Persian collection which includes the theme of the royal slave/concubine who, every night, tells a story to save her life is mentionated for the first time by al-Masudi in 956 a. D. (IBIDEM, p.1)

A idéia da mulher como contadora de histórias para crianças na figura da mãe ou da educadora é muito forte no ocidente. Parece que esta associção das mulheres às histórias narradas para diversão é também bastante antiga no oriente. Coube a Sheherazade manter a vida no reino, coube aos contos manter a identidade do povo árabe mesmo que se recorra a histórias de mulheres, ao fantástico, ao cômico, ao dia-a-dia do povo e até da realeza.

Não há porque o interessado na História do mundo islâmico tenha que se desvencilhar deste magnífico manuscrito, como deseja o autor do trecho citado no início deste capítulo, seria como abrir mão do oásis em pleno deserto. As Mil e Uma Noites não podem ser desprezadas assim, elas são a expressão máxima do povo árabe e, embora tenham sofrido a tradução moralista dos ocidentais, sendo deturpadas e cortadas, e tendo novas histórias acrescentadas pelos próprios tradutores,3 os contos ainda são o relato do povo árabe a seu próprio respeito, guardando suas fantasias ausentes em qualquer documento Histórico.


Thanatos e Eros: Schahriar e Scheherazade

As Mil e Uma Noites abrem as portas do insólito e do mistério. O prólogo mostra-nos como, pela sua subtileza intuitiva, pela sua inteligência, pela confiança nos seus encantos, Scheherazade é superior a Schahriar, e a maioria dos contos insiste sobre o poder, o atrevimento, digamos mesmo, o cinismo das mulheres; é uma nova concepção do amor que se revela e impõe.(ANÔNIMO, p. 12)

O texto acima, retirado da nota introdutória do primeiro volume das Mil e Uma Noites, confirma uma das características mais marcantes destes contos árabes: o poder das mulheres. O prólogo dos contos narra a história de uma mulher que tem um propósito político, mudar a lei mortífera do sultão, e social, salvar a vida das mulheres de sua pátria, pondo em risco sua própria existência.

Tenho a intenção de acabar com a barbaridade que o sultão exerce sobre as famílias desta cidade. Pretendo dissipar o justo receio de tantas mães perderem as filhas de forma tão funesta. (IBIDEM, p. 23)


Esta mulher, definida como alguém que tinha coragem acima de seu sexo, era Scheherazade, filha do grã-vizir, ela vai trazer consigo uma nova possibilidade de atuação para as mulheres. Embora de antemão ela planeje "enganar" o sultão, dissuadindo-o de fazer valer a lei por ele mesmo imposta, ela não pretende traí-lo como homem, como era esperado das mulheres.

É necessário retomar este prólogo e contá-lo, como Scheherazade contou suas histórias, para que o leitor possa acompanhar as considerações feitas a partir desta narrativa.

... Havia um grande rei que ao morrer deixou um magnífico império para seu primogênito, o príncipe Schahriar. Este bondoso príncipe era de tal forma amigo de seu irmão e este dele, que mesmo sendo Schahzenan excluido da partilha pelas leis do império, foi presenteado pelo irmão com o reino da Grande Tartária. Schahzenan dele tomou posse e se estabeleceu na capital.

Após dez anos de separação, Schahriar desejou ver o irmão e mandou que fossem buscá-lo. O irmão aceitou o convite e começou os preparativos para empreender a viagem. Deu adeus a sua amada rainha e partiu com sua comitiva. Já no acampamento, desejou despedir-se mais uma vez da rainha e retornou sozinho ao palácio. Mas ao chegar aos aposentos reais encontrou a rainha dormindo nos braços de um dos oficiais.

Não somente o esposo é traido, mas também a lei que o rei faz cumprir. Segundo a lei a mulher é propriedade do homem. Ela traiu o homem e desafiou o rei ao permitir que o corpo, que pertencia a ele, fosse tocado por outro homem. Esta mulher fez uso de algo que não era seu, seu próprio corpo. Traiu, portanto o homem e a lei, conjugados na figura do rei, que anuncia: "Como rei, devo punir as transgressões que se cometem em meus Estados; como esposo ultrajado, tenho de vos imolar em razão do meu ressentimento."(IBIDEM, p 16) Dessa forma, licitamente, ele mata os amantes e atira seus corpos na fossa que rodeava o palácio.

Abatido, Schahzenan encaminha-se para a capital das Índias. O reencontro com seu irmão, os presentes recebidos e todas as honras trouxeram algum calor ao seu espírito torturado, mas não foram suficientes para fazê-lo feliz. Assim, quando Schahriar convidou-o para acompanhá-lo em uma caçada, ele recusou dizendo sentir-se doente. Seu irmão compreendeu e partiu.

Schahzenan retirou-se para seus aposentos e, de lá, presenciou uma cena inesquecível: a sultana das Índias e suas aias se divertiam com os escravos negros em todo tipo de brincadeiras. Ao perceber que seu irmão, o soberano dos soberanos, era traído de forma ainda mais pérfida, Schahzenan recuperou a saúde. Ora, se o sultão é enganado pelas mulheres, por que ele estaria isento deste destino? Reflete...

Que pouca razão eu tive para julgar que a minha desdita só a mim acontecia! É com certeza a inevitável sorte de todos os maridos, visto que o sultão meu irmão, soberano de tantos Estados, o maior príncipe deste mundo não a pode evitar. Sendo assim, que fraqueza a minha deixar-me consumir pelo desgosto! (IBIDEM, p 18)

As mulheres isentas da possibilidade de fazer uso de seu próprio corpo, entendidas como posse de seus maridos-donos, traem a lei da propriedade. Os homens fazem desta traição a marca d'as mulheres, e justamente, o que a mulher usava para ultrapassar a condição de propriedade do homem, torna-se recurso para instituí-la mais uma vez como cativa ao homem. Elas se desfazem de um homem somente para pertencer a um outro, já que parece não haver outra forma possível de ser para a mulher, senão através do homem: sua esposa, sua amante, sua escrava, sua.

Note-se que as duas personagens mulheres rainhas, que apareceram na história não são nomeadas. Mesmo o negro escravo que satisfaz os desejos da sultana é nomeado, Masoud, mas as mulheres não têm nome, pois embora sejam nobres, são da classe das mulheres que traem, e esta é a única classe possível para as mulheres, desde a escrava mais baixa na escala social até o topo, na figura da sultana. Sheherazade é a primeira mulher a ser nomeada, ela vai implementar uma nova relação com o homem: embora sendo sua propriedade, ela vai tornar o sultão ouvinte de sua fala, o que o torna também um cativo de suas histórias.

...Ao voltar da caçada, o sultão encontra o irmão refeito, bem humorado, saudável. Ele insiste em saber do irmão o que o tinha feito tão mal, e mais, o que o tinha revigorado daquela maneira. O irmão hesita, suplica ao soberano que não queira saber tais coisas, o que só aguça a curiosidade do outro. Assim sendo, o irmão contou ao sultão de como sua esposa o traíra com um simples oficial. Schahriar entende a terrível tristeza do irmão, mas ordena que lhe conte o remédio que o curou. Mas o que era remédio para um, era veneno para o outro, pois o infortúnio do sultão era ainda maior e mais ultrajante: o soberano trocado por um escravo negro!

O príncipe das Índias, desolado quis ver com os próprios olhos a cena repugnante e, junto com seu irmão, planejou uma falsa caçada. Oculto no palácio, o sultão viu a sultana encaminhar-se para o jardim com suas aias e deitar-se com o escravo. Ao testemunhar tal ultraje, Schahriar não podia crer em mais nada.

"A esposa de um soberano como eu pode lá ser capaz de tal infâmia? Depois disto, qual é o príncipe que se pode vangloriar de ser perfeitamente feliz? Ah, meu irmão!", prosseguiu ele abraçando o rei da Tártaria, "renunciemos ambos ao mundo; a boa fé desapareceu: se, por um lado, lisonjeira, trai-nos por outro. Abandonemos nossos Estados e todo o brilho que nos rodeia. Vamos para reinos estrangeiros levar uma vida obscura e esconder nosso infortúnio."(IBIDEM, p 20)

Schahzenan que já havia compreendido que esta atitude é "normal" para a mulher, fez uma contra-proposta ao soberano das Índias:

"Meu irmão", disse-lhe ele, "a minha vontade é a vossa, estou pronto a seguir-vos para onde quer que ides, mas haveis de me prometer que voltaremos, se pudermos encontrar alguém que seja mais infeliz do que nós."(IDEM)

Os dois afastaram-se do reino e quando anoiteceu encontravam-se num prado à beira-mar. Descansavam sob uma árvore, quando ouviram um estrondo vindo das águas. Era um gênio, gigante e malígno, que trazia consigo, em uma caixa de vidro, uma dama. O gênio era negro e horrível e a dama era de uma beleza deslumbrante. O gênio, apaixonado pela mulher, a raptára no dia de seu casamento e a mantinha presa sob vilgilância severa. Ele pediu a dama que deixasse ele pousar sua cabeça em seu colo e dormir junto dela. Os príncipes, que a esta altura, estavam escondidos na copa da árvore, perceberam que a dama os vira. Assim que o gênio dormiu, ela os convidou a descer e aproximar-se, caso contrário, acordaria o gênio. Eles consentiram e ela ofereceu seu belo corpo para os príncipes que não ousaram recusar. Ela, então, pegou os seus anéis e juntou-os aos outros noventa e oito de outros homens. Ao ver a curiosidade dos príncipes ela disse:

"Sabem vocês o que significam estas jóias? (...) "São" continuou ela "os anéis de todos os homens a quem concedi os meus favores. São noventa e oito, bem contados que eu guardo para eu me lembrar deles. Pedi-vos os vossos pela mesma razão, para chegar a centena completa. Eis, portanto, cem amantes que eu tive até hoje, apesar da vigilância e das preocupações deste gênio mau que nunca me larga. Embora me tenha fechado nesta caixa de vidro e escondido no fundo do mar, nem por isso deixo de conseguir enganar os seus cuidados. Vede, por isso, que quando uma mulher tem uma coisa em mente, não há marido nem amante que a desvie da sua execução. Os homens melhor fariam em não contrariar as mulheres: era uma maneira de as tornar sensatas." (IBIDEM, p 21)


A dama, então, sentou-se perto do gênio e acolheu sua cabeça sobre os joelhos como ele havia adormecido. Este gênio que havia lhe imposto a prisão era também seu prisioneiro, de seu amor, que era tão malígno como era o próprio gênio. Ela aprendeu a colecionar homens sob a forma de jóias e, como o gênio, os mantinha numa caixinha, eram seu pequeno trunfo secreto. Ela usava o que o gênio julgava ser seu maior poder, sua força malígna, justamente para traí-lo. A ardilosa dama ameaçava os homens com a fúria do próprio gênio para submetê-los a seus caprichos. Quanta insensatez há em tentar aprisionar o corpo de uma mulher à leis de propriedade.

Diante da desgraça do gênio, Schahriar compreende o que o irmão já havia compreendido: "nada escapa a malícia das mulheres."(IDEM) Se um gênio tão poderoso era enganado, os dois príncipes deveriam consolar-se, mas Schahriar sabia um meio de acabar com a malícia das mulheres. Ao chegar ao seu reino, após a partida do irmão, mandou matar a sultana e com as próprias mãos cortou a cabeça de todas as aias implicadas no crime. Em seguida decretou uma lei de morte: a cada dia se casaria com uma mulher, dormiria com ela a noite, e na manhã seguinte, ela seria estrangulada por seu grã-vizir.

Tal desumanidade fez com que todos os súditos amaldiçoassem o sultão até então amado. Inúmeras mulheres foram sacrificadas até que aparece em cena Scheherazade, a filha mais velha do grã-vizir. Esta mulher pretende impedir a contínua repetição do estrangulamento de noivas.

Sheherazade, a filha mais velha e predileta do grã-vizir, suplica ao pai que a conceda a honra do leito do sultão. O pai é tomado por um pânico de ser ele o executor da própria filha e tenta dissuadí-la de tal intento contando uma história, cujo ensinamento é ser precavido quanto ao futuro que nossas ações impensadas nos levam. Assim ele relata:

... Havia um burro que ensinou a um boi o que fazer para não ser requisitado para o trabalho pesado na lavoura. O boi executou os mandamentos do burro e assim, o lavrador, que tinha o poder de ouvir os animais, para dar uma lição no burro, fêz com que este realizasse todo trabalho pesado destinado ao boi. O burro, percebendo a esparrela em que se metera, voltou a falar com o boi para que ele retomasse o trabalho, pois ouvira dizer que o matariam para vender seu couro, já que estava doente demais para retornar à lavoura. O lavrador estava rindo da situação quando sua mulher lhe exigiu que ele lhe contasse porque ria. O lavrador que ouvia os animais, não podia revelar a ninguém seu dom, pois custaria-lhe a vida. Mas a mulher adoeceu de curiosidade. Ele, por amá-la, havia resolvido lhe contar seu segredo e perder a própria vida. Foi quando ouviu o galo dizer para o cão que ele era um insensato incapaz de cuidar de uma só mulher, enquanto ele mantinha cinquenta galinhas sob seu controle. O cão quis saber do galo o que ele faria em tal situação. O galo não se fez de rogado e disse que o lavrador deveria pegar de um porrete e entrar no quarto onde está a mulher e bater-lhe até ela tomar juízo. O lavrador fez exatamente como o galo disse e a mulher não resistiu e implorou ao marido que parasse pois ela jamais lhe pediria mais nada. O marido que não era mal ao ver que a mulher se arrependera não mais a maltratou. A esposa acabou por felicitar ao marido pelo que ele fêz para fazê-la voltar a razão.

O pai disse então para a filha que ela, por sua teimosia, merecia o mesmo fim desta mulher curiosa. Mas Scheherazade não abriu mão de seu desejo de fazer voltar a razão ao sultão desatinado e é ela que, fazendo uso das palavras no lugar do porrete, vai educar o desmedido senhor das Índias.

O pai diante da firmeza da filha não tem outra alternativa senão oferecer a moça ao sultão, que estranhou o sacrifício do grã-vizir, mas de imediato alertou-o, que mesmo sendo ela quem era, não deixaria de fazer valer a lei de morte por ele imposta.

Sabendo que foi aceita para casar-se, Sheherazade chamou sua irmã Dinarzarde e disse-lhe que precisava de seus favores: ela deveria acordá-la uma hora antes da alvorada e pedir para que lhe contasse uma história. À noite, nos aposentos reais, Sheherazade pediu entre lágrimas que o sultão permitisse que sua irmã, que ela muito amava, dormisse no aposento real, para que ela pudesse se despedir dela mais uma vez. O sultão consentiu e a moça foi trazida para compartilhar os aposentos reais. Faltando uma hora para o amanhecer, Dirnazarde acordou a irmã e, conforme o conbinado, pediu que ela contasse pela última vez uma das histórias maravilhosas que sabia.

Scheherazade voltou-se para o sultão e perguntou se ele permitia que ela satisfizessa a irmã, como ele concordára ela disse a irmã para ouvir e, dirigindo-se ao sultão, começou a contar uma história magnífica, e noite após noite, o sultão adiava sua sentença de morte para ouvir mais uma história.

Este adiamento da morte desta mulher era também o adiamento da morte de todo o reinado de Schahriar. Ao matar todas as mulheres com quem poderia estabelecer uma relação, o sultão impedia a continuação de seu próprio império, pois a morte das mulheres era também a morte de sua dinastia, já que nenhuma viveria o suficiente para gerar um filho seu. A morte das noivas, sem que o sultão percebesse, trazia consigo a inviabilização do herdeiro. Ao usar da morte para manter-se afastado da angústia gerada pela traição imbuída na alma da mulher, o sultão condena seu próprio império à morte. Para gerar a vida é necessária a intervenção de eros, um corpo morto não gera, um sultão enrigecido não consegue lidar com o calor do corpo e o esfria pela morte anunciada como lei.

In the first 'framing' tale of the Nights the King has to deal with the Queen's betrayal and reconstructs for himself a pseudo-identity, with accents of grandiose denial revealed by the compulsion to kill his own attempts at relationship (his new brides) as a sort of extreme defence against deepest despair. (...)
With her 'delirious words of the night' Sheherazade holds the wisdom of tales, she speaks as dead and tells her tales to live and thus manages to free herself (and the King) from deathly repetition. But how does this word of woman work? (...) She does not judge the King, but narrates with a thousand of variations the conflicts of passion and power, giving a voice back to Queens and Slaves, and eventually to the King himself. (DUBOSC, p 2)

Uma mulher não está totalmente submetida a lei, o que isto quer dizer é que a mulher como uma instituição está submissa ao sultão, mas uma mulher, como singularidade não está totalmente submissa a esta instituição-lei, podendo afetá-la em sub-missões, através dos recursos próprios à feminilidade que não estão, a priore, definidos no discurso. Há uma liberdade sutil para uma mulher, pois a lei não é invenção sua, ela não tem que aceitá-la e fazê-la valer, como é obrigação do sultão. Como mulher-instituída ela não desobedece, mas como singularidade ela planeja uma artimanha capaz de burlar a lei sem desafiá-la. Ela consegue questionar a validade da lei, sem se opôr ao poder do imperador, ela, subliminarmente, desfaz a ordem real.

Sheherazade erotiza a relação com o sultão, aproximando-se dele pelas histórias que conta, este recurso não é entendido pelo sultão como uma tentativa de suplementar sua lei, pois ele não o reconhece, uma vez que ele próprio está todo submetido a sua lei. Aquilo que foge ao discurso vigente, é desconhecido e justamente por isso, permite que, pouco a pouco, Sheherazade vá se fazendo sultana das Índias. Pouco a pouco ela erotiza a sua relação com este homem, que vai se desfazendo de sua rigidez, vai sendo tomado pela feminilidade erótica e vai adiando thanatos, até que no final d' As Mil e Uma Noites Sheherazade apresenta ao sultão seu filho-herdeiro.

Mortificado pela angústia o sultão não podia perceber a vida, só depois ele entende a ação da mulher e vai felicitar a esposa4 por tê-lo erotizado com sua fala, que ele não pode calar, através do estrangulamento ritual. Ele vai agradecê-la por ter possibilitado a vida do império na figura do filho. O sultão havia esquecido que não há vida sem a mulher, não há descendência sem mãe. A vida é gerada no calor úmido de eros.


Conclusão

Sheherazade não somente salva sua vida, mais do que isso, ela garante a continuação do império que não poderia gerar-se sem o ventre materno. Sem a sultana não haveria príncipe herdeiro, e sem as mulheres do reino, que eram assassinadas dia após dia, não haveria mais súditos, guerreiros, mercadores, enfim a própria sociedade estaria morta.

N' As Mil e Uma Noites, este poder silencioso se apresenta por sua própria ausência no âmago do império de Schahriar, quando presente ele é invisível, quando ausente ele se faz notar. Este é o poder da feminilidade. A palavra poder parece inadequada, mas na verdade, a ausência do poder, é ela mesma um poder, é a ausência que faz o poder masculino poder estar, sem ausência não há presença. A mulher assim como o homem está presente no seu papel social, mas uma mulher, em algum momento, garante sua ausência neste papel, para que se continue a cultura. Ela representa assim o vazio, o espaço que permite o movimento cultural. É por uma ausência de submissão a lei que Sheherazade permite o movimento, a continuidade da cultura. Ela, sem estar fora das regras impostas pelo imperador, se ausenta do lugar destinado para ela, o de noiva morta, e com isso vai adiando a lei, até que ela perde seu sentido e com isso, sua força e sua razão de ser.

É no mundo islâmico, onde a mulher como gênero é segregada e mantida no silêncio mais profundo, portanto na ausência, que um texto magnífico como As Mil e Uma Noites aparece para apontar seu poder ausente dos dados Históricos masculinos. E mesmo que o autor (ou autores) dos contos possa ser um homem, o que jamais saberemos, sua narração (não podemos nos esquecer que são histórias contadas oralmente), é afetada pela feminilidade, pois mesmo reafirmando a lei, os contos as expõem eroticamente nas relações corpóreas do dia-a-dia, e não com a frieza do registro de dados históricos.

Na cultura islâmica é o corpo que é privilegiado como fonte de amor e punição. O enlace homem e mulher não se dá na subjetividade, mas na matéria do corpo, e a punição não lida com a culpa psicológica, mas com o corpo, com a mutilação do corpo, com o sangue quente que este corpo produz. A primazia da matéria, matter, mãe, demonstra o princípio da feminilidade que parece estar ausente, sob as leis duras e inflexíveis deste mundo masculino. Assim o que parece estar ausente é o que, de fato, garante a presença do mundo masculino.

Podemos considerar a produção d' As Mil e Uma Noites como uma experiência de ausência: ausente do discurso reconhecido, ausente da concepção masculina da imagem da mulher, ausente mesmo de um registro legalizado, segregado como histórias infantis não muito recomendáveis, só depois, o manuscrito se faz reconhecer. Desconsiderados como histórias para crianças, os contos, resguardados nas famílias e na educação dos filhos, vinculam-se ainda mais ao contexto do dia-a-dia da mulher.

Dessa forma, o poder de ausência da feminilidade, está tanto para a personagem central dos contos, como para os próprios contos em relação a sua cultura. E assim como o poder dos contos faz com que a cultura se perpetue, o poder das mulheres é a própria condição para a continuação da cultura.

BIBLIOGRAFIA:

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Santiago, S. Uma literatura nos trópicos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.


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5 comentários:

Anônimo disse...

Olá!! Poderia me enviar o código de cores do quadro da mulher árabe? Está muito pequeno, não dá para ver. Meu email é: vivianvgus@gmail.com. Muito obrigada!!!

Anônimo disse...

olá! boa tarde! poderia me enviar o código das cores . não consigo ver esta muito pequeno. ou então se me puder passar as cores da dmc eu ficava muito grata.Meu email : espiraltours-er@mail.telepac.pt

Anônimo disse...

boa tarde, poderia me enviar o código das cores , a imagem esta muito pequena, desde ja fico muito grata. Meu email : sonia_bento@hotmail.com

Anônimo disse...

Boa tarde! Ando a imenso tempo a procura do codigo de cores deste quadro. Poderia mo enviar, por favor.
O meu email: nina_star85@hotmail.com

Muito obrigada.

Unknown disse...

pode me mandaro gráfico de cores. dps_98@outlook.com

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